A arquitetura Art Déco deriva de um estilo artístico homônimo que surgiu na Europa nos anos 1920 influenciando – além da arquitetura – o cinema, moda, design de interiores, design gráfico, escultura, pintura, entre outras vertentes artísticas. Historicamente, este estilo teve como marco principal a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas realizada em Paris em 1925, da qual derivou, inclusive, seu próprio nome.
Assim como as demais obras influenciadas pelo estilo, a arquitetura Art Déco combina um desenho moderno com elementos tradicionais, como artesanato fino, e materiais luxuosos, entre eles jade, laca e marfim. Como sucessor dos movimentos Arts and Crafts e Art Nouveau, o Art Déco também recebeu influência das formas abstratas e geométricas do cubismo, das cores vivas do fauvismo e dos artesanatos e estilos de países como China, Japão e Egito. O viés decorativo e o método de composição derivam ainda da arquitetura Beaux-Arts por meio da simetria, axialidade e hierarquia na distribuição das plantas, além das fachadas proeminentemente divididas em base, corpo e coroamento (composição tripartite clássica) mas, desta vez, racionalizando os volumes e usando pontualmente a ornamentação. Uma mescla de linguagens que foi considerada luxuosa, tendo sido incorporada pela burguesia enriquecida do pós-guerra.
Entretanto, a partir dos anos 1930, o estilo passa a dialogar mais estreitamente com a produção industrial e a possibilidade da reprodução em massa. Nesse período, o Art Déco assume uma postura mais moderada, incorporando materiais como concreto e aço inoxidável. É neste momento que surgem as obras arquitetônicas mais icônicas do estilo como o Edifício Chrysler, o Rockfeller Center e o Empire State, todos em Nova York, trazendo à tona uma nova linguagem para os arranha-céus que cortavam o skyline da cidade na época, representando uma sociedade moderna e tecnológica. Neles é possível identificar algumas das características mais marcantes do estilo que o consolidaram na história da arquitetura, entre elas estão o uso de concreto armado, linhas retas, formas retangulares bem definidas, escalonamento dos andares, pontas angulosas e adornos e ziguezague. Este último é uma característica marcante dos elevadores do Edifício Chrysler e mostra que o estilo se expandia para além da fachada, estendendo-se para os espaços internos.
Além dos arranha-céus novaiorquinos das primeiras décadas do século XX, a cidade do Rio de Janeiro também se tornou um expoente do estilo, apresentando algumas obras importantes como o Teatro Carlos Gomes e a Estação Central do Brasil, com escadarias, vitrais, letreiros, entre outros elementos. A própria escultura do Cristo Redentor, marca registrada da capital carioca difundida internacionalmente, é uma obra Art Déco – sendo, inclusive, a maior escultura do estilo existente até hoje.
A linha tênue entre a busca pela simplicidade, principalmente quando comparado aos movimentos anteriores, e a extravagância de suas formas fez com que muitos estudiosos considerassem o estilo contraditório. Contudo, a arquitetura Art Déco assumiu um importante papel na história ao representar o processo de modernização da paisagem urbana, contrapondo o vínculo do passado com novas configurações geométricas e referencias ornamentais.